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O holocausto e o carnaval |
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A proibição da Escola de Samba Viradouro pela justiça carioca de desfilar com um carro que referia-se ao Holocausto (inclusive com corpos e judeus e um passista fantasiado de Hitler) e a nova versão da alegoria, agora protestando contra a censura e alegando que “não se pode apagar a história” acendeu uma discussão neste carnaval (se é que se debate algo no carnaval que não seja peitos, cerveja e bundas): até onde vai a liberdade de expressão?
A constituição brasileira assegura tal liberdade, está lá, no inciso IX do artigo 5°. Podemos expressar o que queremos. Isso vai além do falar, reflete nas músicas, sons, imagens, cores. Porém é necessário ver qual o limite disto. Sim, porque há um limite, que faz parte da teoria “meu direito acaba onde começa o do outro”. No momento em que algo deixa de ser educativo ou informativo e torna-se ofensivo deixa-se de dar voz a uma idéia ou opinião, passa-se a dar vida a algo bem pior.
A questão então reside nisto: ofensa. É ofensivo falar do Holocausto? Em tese, não. Hitler não foi um monstro, como muitos gostam de aludir. Ele foi bem pior do que isso, foi um exemplo do que acontece quando um ser-humano (sim, ele era um homem) pode fazer quando tem muito poder e uma visão totalmente distorcida de certo e errado. Aquele infeliz (imparcialidade zero, mas tudo bem) era um sádico.
A Viradouro faria o certo em lembrar a todos nós o que aconteceu? Sim. Aliás, é muito bom quando junta-se a alegria do carnaval e uma certa preocupação social, como quando uma escola fala de aquecimento global ou outra faz uma justa homenagem a um grande autor como Ariano Suassuna.
O Problema estava, no caso da Viradouro, na execução. É necessário tomar cuidado com a mídia em que se está trabalhando, existem limites em cada uma. Um desfile público, transmitido em Tv aberta é muito amplo, qualquer coisa pode chocar. O que se falar então de um carro com dezenas de corpos empilhados, que por sí só torna-se (nas devidas proporções, claro) quase tão sádico quanto aquele velho austríaco? Causaria MUITO choque, não?
Não que eu queira julgar a intenção do carnavalesco. Longe de mim isto, pois ela pode até mesmo ter sido nobre, a de informar, lembrar (mesmo que o enredo geral da Escola diga que quer apenas causar arrepios, sensações). Porém, quando o choque (que até poderia ser bom, com o devido propósito, e não sendo o propósito) supera a expressão, quando se está diante de puro horror banalizado (palavras da decisão judicial) parece que estamos diante da ofensa, e não da dita liberdade de expressão.
Podemos sim falar o que queremos, quando e como queremos, mas é preciso lembrar que estamos, acima de tudo, em uma sociedade. Nosso direito acaba onde começa o do outro. Os “que”, “quando” e “como” estão condicionados a isto. Não se trata de censura, ela está proibida no próprio inciso IX do artigo 5° da Constituição, mesmo com algumas tentativas de retorno (ancine, cof, cof…). É apenas um limite ético.
O que nao entra na minha cabeça e na cabeça de muitas outras pessoas é que se esse limite existe novela das 8 (na minha opinião é pior que isso), nao deveria aparecer tantas cenas de crimes violentos e nudismo como passa. isso sem contar em tantas outras que passam despercebidos.
a mídia (principalmente globo) constrói e destrói tudo que querem e essa nao será a ultima vez que isso acontece.
cblchan · Tue Feb 05, 2008 @ 08:35pm · 1 Comments |
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